Segunda Chance...

Agradeço, primeiramente à Deus...por me dar essa segunda chance. No ultimo dia 06 de agosto, por volta de 6 da manhã, estava em meu quarto, quando ao me levantar, senti meu braço e perna esquerdo sem força e sem movimentos...minha voz embolada, me dizia que algo não estava bem...caído no chão do quarto, alcancei com dificuldades o celular e chamei meu housemate, que tentou me levantar do chão sem sucesso, é claro, por causa do meu peso...pedi um pouco de agua e que me colocasse na cama novamente...fiquei a parte da manha deitado,achando que iria melhorar, por que até então não sabia o que era um AVC e quais eram os sintomas e eu estava praticamente com todos eles. Não, por teimosia, só fui socorrido por volta de 4 da tarde, levado em ambulância direto para o Mater Hospital, em Dublin. 

A médica que me atendeu disse que eu tive um AVC e que ficaria internado...logo ja recebi tratamento adequado e passei a pior noite da minha vida...longe de casa, da família, do idioma...logo na segunda de manhã fiz uma tomografia computadorizada,que diagnosticou um AVC hemorrágico no lado direito do meu cérebro e que estava paralizado. Tomei a devida medicação e logo já fui informado que eu tive muita sorte, por que não tinha sido de grandes proporções...não sabia se isso era bom ou ruim, vindo da boca da médica...ela só repetia que eu tive muita sorte...e que não poderia voar para o Brasil, se assim desejasse, num período de 2 meses, pelo menos. Nos dias subsequentes, internado, já passei pela fisioterapia e pela fonoaudióloga, e também pela equipe de cardiologistas, que me disseram que a falta de bombeamento de sangue para o meu cérebro causou, um "coágulo" que fez com que eu tivesse o AVC.. e logo em seguida , já me indicaram a implantação de um desfibrilador cardíaco e marca-passo, porque eu corria risco de ter um novo AVC e que poderia ser pior....e a médica me disse isso olhando bem nos meus olhos e sem rodeios. É claro que meio atordoado com os medicamentos e com a situação, eu decidi pelo implante do ICD...

Tudo foi tão rápido, tão sem sentido, que mesmo agora no conforto do meu quarto, veio a minha cabeça como num filminho , o que me aconteceu esses dias...nas horas ao telefone com a mamãe no Brasil, que estava agoniada e minha família também...e eu que sempre reclamei da ultima vez que estive internado aqui mesmo no Mater Hospital de Dublin, sobre o procedimento médico-hospitalar irlandês. No hospital as horas não passam, nem os dias..tudo é a mesma coisa...o mesmo sincronismo, mede pressão, mede temperatura, toma remédio, café da manhã, fisoterapia, raio X, tomografia, e espera do médico...

Meus amigos de classe

Nestes dias, emagreci por volta de 5 kilos, comecei um tratamneto com uma medicação que deverá neutralizar a formação de novos coágulos, evitando um novo AVC e recebi um desfibrililador cardíaco, que agora, segue comigo nesta jornada pelo resto da vida.

O importante é que eu não tive sequelas do AVC, estou caminhando e movimentando o braço e minha fala está normalizada...por isso agradeço...essa segunda chance.

Pôr-do-sol, da janela do meu quarto, no Hospital em Dublin

O corpo é um instrumento que a nossa alma usa para nos mandar mensagens. E as doenças são recados que a alma manda usando o nosso corpo físico sempre que a gente deixa de fazer o melhor, nos alertando que estamos nos desvirtuando do verdadeiro caminho (muitos se encontram ignorantes no campo espiritual e não têm consciência de que não estão por acaso nesta vida terrena, que estão para aprender, reparar erros cometidos em vidas passadas e, com isso, evoluir enquanto seres humanos).
Visto por esse ângulo, a doença faz parte de nosso aprendizado, e a dor e o sofrimento são necessários à evolução humana, é um processo de depuração para o progresso da alma e nesta caminhada, temos muito que aprender ainda.
No primeiro momento que deixei o hospital e pus os pés na rua, tive uma sensação estranha, como se estivesse VIVO!!! e eu estava...passei a admirar os detalhes, os pequeninos, as pessoas nas ruas, o cheiro de casa, assim que entrei no meu quarto...pensei...obrigado Senhor...aqui estou eu de volta, são e salvo. A vida é muito frágil e a gente só se dá conta, quando passa por um turbilhão desses...
Por enquano não posso viajar, por causa do tratamento e dos 2 meses que preciso, para saber se o ICD, está funcionando perfeitamente...
Minha decisão já está tomada...volto pra casa, na primeira oportunidade...Isso aqui já perdeu a graça pra mim...